segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Origami do Medo


Pobre pássaro que tem os olhos fixos  no céu.
Talvez descubras, que és mera criatura
Tão frágil, assim, feita de papel!

Teu desejo é como o meu
De um dia quiçá voar
Para perto daqueles teus
Rejeitando apenas sonhar!

Tuas cores são tão belas
Que encantas o coração.
Tingido de uma cor amarela,
Não arriscas nenhuma ação!

Ora, tu que olhas o céu
Com tamanha devoção,
Esqueça que és papel
E ouve teu coração!

Não subirás se quer um metro
Se não crês em ti mesmo.
Vai e faz o que é correto
E abandona esse medo.

É medo nessas cores?
Medo de voar, pairar, cair?
Medo de Amores?
Ou medo de Agir?

Então pare e esqueça!
Desista dos sonhos de voar por entre o céu.
E desce sujo, Jogado na sarjeta!
  Serás eternamente mísera bola de papel


[R. Nunes]

Sangue Guerreiro


Levanto-me!
Eis-me em prontidão!
Desta vez não me ferirás
Nem tomarás meu coração!

Estou em alerta,
De olho em cada movimento teu.
Um golpe basta,
Antes você, do que eu!

Sem dó, nem piedade.
Apenas defesa, precisa e fatal.
É a arma que tenho,
Usarei sem pensamento dual!

Que venha a vida pela morte
De uma paixão irracional.
Empunho minha espada,
Destruo o sentimental.

Qual sangue me libertará?
Inquieto e calado,
A espada empunhará?
Eu aqui fico
E o coração a vigiar!

Pulsar!
Vigiar!
Lutar!

Pulsar!
Vigiar!
Amar!


[R. Nunes]

quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Pedras e Flores - [Responde-me Cora]


O que me dizes sobre as pedras?
E quanto as flores, o que farei com elas?
Devo polir, quebrar ou rasgar?
Devo jogar? Ou pintá-las de cor amarela?

Responde-me Cora!
Sábia mulher que renasce como Aurora.
Tu que venceste um passado de dor,
E que agora só fala de amor.

Como podes em tanto sofrimento,
Ensinar-me a fazer das pedras, poeira, pó e cimento?
Fico em silêncio!
Calo-me! Querendo apenas ouvir teus ensinamentos!

Permaneço escutando...
Estas pedras que trago, vou quebrando.
Quanto às flores, vou plantando.

E semeando sonhos,
Regando-os com encontros tão risonhos.
Tal os quais espero se realizarem
Na forma de jardim ou de hospedagem.

[R. Nunes - Para Cora Coralina]

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

A Descida dos Anjos


Esta noite o céu se fez lindo.
A lua estava posta com suas estrelas
Enquanto me dizia que alguém estaria vindo

Contemplei-os enquanto esperava
Onde no céu, a luz se espalhava.
Uma chuva de Anjos descendo à Terra,
Enviados por Deus a quem espera.

Eram seres de luz vindos de cima,
Rasgando o céu com suas fagulhas divinas.
Beleza inigualável que aos sonhos me conduz.
Estrelas cadentes incendiadas, seduzindo-me com sua luz.


Serão Anjos? Por que não?
Como irei encontrá-los?
Talvez aqui no coração...

Porém, pergunto: E quanto a você?
É anjo ou estrela?
Menina!
E só queria te ver.

Desce do Céu e vem ao meu encontro
E me prende nestes teus olhos,
E me seduz com teu canto.
Enquanto deixo de ser eu, perdido num doce encanto.

[R. Nunes]

Cartas Líquidas


Despojo-me dos sonhos.
Abraço o porvir.
Saúdo as novas lágrimas
Que insistem em cair

Desprendo o prisioneiro,
Mergulho-o ao chão.
Que se afogue demasiado inteiro
Cujo nome é coração

Mil ou mais palavras escritas,
Dez mil sinceras que outrora foram ditas
Borra a tinta sobre o papel,
Nestas cartas, agora, líquidas.

Junte-as se possível.
Restaure-as e lhes dê vigor.
Talvez tu as ressuscite.
Mas já está mais do que morto aquele Amor.

Toma tuas desculpas:
Chuva, suor, rio e mar.
Enquanto tentas esconder
Que as borraste de tanto chorar.

[R. Nunes]

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Clareando



Vês? As trevas me cercam...
Um palmo a frente, não consigo enxergar!
Tomo de audácia e ousadia.
Passo a passo, a tropeçar

Busco o Claro, busco o Dia!
Minha súplica? De oração tornou-se apelo desesperado!
O desânimo? Fiel companheiro, sempre ao meu lado.

Busco o dia, busco a luz
Deparo-me com a dor, a espada, a cruz
Dia? Claro!
Luz? A mais Clara!

Clareia-me tu, cujos olhos são de luz
Beleza única transposta em versos
Estes, tão lindos, redentores e eternos, como as palavras da Cruz.

Claro Dia? Claro, Clara!
Claro como Maria!
Maria? Claro!
De olhar belo e raro...
Maria Clara... Claro!

[R. Nunes - Em gratidão à Maria Clara Claro]

Amor às Escuras!



Levanta-te e dá-me tua mão!
Fecha teus olhos.
Não importa onde pisas
Ou em qual direção.

Deixa-me que te guie
Que te proteja
Deixa-me ser teu
Encontraremos juntos a alegria que se deseja
Uma luz que ilumine
Um mundo que nos esqueceu


Abre teus olhos e me vê
Embora esteja escuro
A luz que me guia vem dos teus olhos
A luz que me guia vem de você


[R. Nunes]

Falta de Amnésia!



Não, não esqueço-me dos lugares que passei,
Das Flores que colhi,
Das pessoas que amei...

Não, não lembro do mal a mim feito
Que outrora me fez sofrer,
Dos laços e nós desfeitos
Que me ligavam a um falso bem-querer

Voa, canta
Encanta, ilude
Sobe ao mais alto estado da loucura
Amor?
Cai e morre.
Decepção, mágoa,
Doce amargura

Paixão por tudo
Olhos, boca, cabelos, voz
Transmutada em nojo e raiva
Por teres te tornado, de impeto, cruel algoz!

[R. Nunes]

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Quase é

"É a loucura aflorando de dentro para fora... ou quase isso?
É a habilidade da fala que se desvaire, foge como presa diante do caçador...
É a vida que se manifesta de tal forma que não se entende se é vida ou já morte...

É tudo, é nada... quase foi, será?
É sagrar com sangue, é sangrar com dor.
É tudo aquilo pelos poetas dito.
É sagrado... É o Amor..."

[R. Nunes]